segunda-feira, 21 de junho de 2010

NINGUÉM do texto de Gil Vicente


Este é Ninguém. Construímos uma mulher trabalhadora, nos moldes contemporâneos. Religiosa, pobre, muito próxima da população (massa). É uma mulher da vida.

TODO MUNDO do texto de Gil Vicente

.
Este é Todo Mundo, que aparenta ser rico, com muitas correntes e jóias. Mas na verdade ser rico é o que ele quer, não o que ele é. Por isso de perto pode-se ver que suas roupas são grosseiras e seu saco de dinheiro está vazio.

DINATO do texto de Gil Vicente


Este é Dinato, diabo que é companheiro e servo de Berzebu. Usa uma túnica longa e preta com uma corcunda nas costas. A postura inclina favorece a ideia de submissão. Sua vestimenta é discreta, pois não pretende chamar mais atenção que seu superior. Os chifres explicitam sua origem. Carrega uma caneta tinteiro para registrar tudo que lhe é pedido.

BERZEBU do texto de Gil Vicente

Esse figurino foi escolhido para representar Berzebu que é um demônio hierarquicamente mais importante no texto. Por isso deve se vertir de forma infernal, porém rica, demonstrando claramente sua importância. Dada a sua função de moralizador, é relevante que seja elegante, em vez de assustador.

domingo, 13 de junho de 2010

NINGUÉM NO TEATRO

TODO MUNDO NO TEATRO

COMIDA. COMIDA É ?

TODO MUNDO ...



SABE E ...

E NINGUÉM ...

FAZ NADA !

TODO MUNDO E NINGUÉM


ACHEI DUK... ESSE TEXTO EXTRAIDO DO AUTO DA LUSITANA DE GIL VICENTE.
SUUUUUUUUUUUUUUUUPER ATUAL


Ninguém:
Que andas tu aí buscando?



Todo o Mundo:
Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.



Ninguém:
Como hás nome, cavaleiro?



Todo o Mundo:
Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.



Ninguém:
Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.



Belzebu:
Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.



Dinato:
Que escreverei, companheiro?



Belzebu:
Que Ninguém busca consciência.
e Todo o Mundo dinheiro.



Ninguém:
E agora que buscas lá?



Todo o Mundo:
Busco honra muito grande.



Ninguém:
E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.



Belzebu:
Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra Todo o Mundo
e Ninguém busca virtude.



Ninguém:
Buscas outro mor bem qu'esse?



Todo o Mundo:
Busco mais quem me louvasse
tudo quanto eu fizesse.



Ninguém:
E eu quem me repreendess
em cada cousa que errasse.



Belzebu:
Escreve mais.


Dinato:
Que tens sabido?



Belzebu:
Que quer em extremo grado
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.


Ninguém:
Buscas mais, amigo meu?



Todo o Mundo:
Busco a vida a quem ma dê.


Ninguém:
A vida não sei que é,
a morte conheço eu.



Belzebu:
Escreve lá outra sorte.



Dinato:
Que sorte?



Belzebu:
Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.



Todo o Mundo:
E mais queria o paraíso,
sem mo Ninguém estorvar.



Ninguém:
E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.


Belzebu:
Escreve com muito aviso.


Dinato:
Que escreverei?


Belzebu:
Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.



Todo o Mundo:
Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.


Ninguém:
Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.


Belzebu:
Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.


Dinato:
Quê?


Belzebu:
Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.


Ninguém:
Que mais buscas?


Todo o Mundo:
Lisonjear.


Ninguém:
Eu sou todo desengano.


Belzebu:
Escreve, ande lá, mano.


Dinato:
Que me mandas assentar?



Belzebu:
Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.

QUEM É O GIL ?




Pouco se sabe sobre a vida de Gil Vicente, autor de Auto da Barca do Inferno. Ele teria nascido por volta de 1465, em Guimarães ou em outro lugar na região da Beira. Casado duas vezes, teve cinco filhos, incluindo Paula e Luís Vicente, que organizou a primeira compilação das suas obras.



No início do século 16, há referência a um Gil Vicente na corte, participando dos torneios poéticos. Em documentos da época, aparece outro Gil Vicente, ourives, a quem é atribuída a Custódia de Belém (1506), recipiente para exposição de hóstias feita com mais de 500 peças de ouro puro. Há ainda mais um Gil Vicente que foi "mestre da balança" da Casa da Moeda. Alguns autores defendem, sem provas, que os três seriam a mesma pessoa, embora a identificação do dramaturgo com o ourives seja mais viável, dada a abundância de termos técnicos de ourivesaria nos seus autos.






Ao longo de mais de três décadas, Gil Vicente foi um dos principais animadores dos serões da corte, escrevendo, encenando e até representando mais de quarenta autos. O primeiro deles, o "Monólogo do Vaqueiro" (ou "Auto da Visitação"), data de 1502 e foi escrito e representado pelo próprio Gil Vicente na câmara da rainha, para comemorar o nascimento do príncipe dom João, futuro rei dom João 3o. O último, "Floresta de Enganos", foi escrito em 1536, ano que se presume seja o da sua morte.O "Auto da Sibila Cassandra", escrito em 1513, introduz os deuses pagãos na trama e por isso é considerado por alguns como o marco inicial do Renascimento em Portugal.



Alguns dos autos foram impressos sob a forma de folhetos e a primeira edição do conjunto das obras foi feita em 1562, organizada por Luís Vicente. Dessa primeira compilação não constam três dos autos escritos por Gil Vicente, provavelmente por terem sido proibidos pela Inquisição. Aliás, o índice dos livros proibidos, de 1551, incluía sete obras do autor.Gil Vicente foi considerado um autor de transição entre a Idade Média e o Renascimento. A estrutura das suas peças e muitos dos temas tratados foram desenvolvidos a partir do teatro medieval, defendendo, por exemplo, valores religiosos. No entanto, alguns apontam já para uma concepção humanista, assumindo posições críticas.Em 1531, em carta ao rei, Gil Vicente defendeu os cristãos-novos, a quem tinha sido atribuída a responsabilidade pelo terremoto de Santarém. Também no "Auto da Índia" apresentou uma visão antiépica da expansão ultramarina.Gil Vicente classificou suas peças dividindo-as em três grupos: obras de devoção, farsas e comédias. Seu filho, Luís Vicente acrescentou um quarto gênero, a tragicomédia. Estudiosos recentes preferem considerar os seguintes tipos: autos de moralidade, autos cavaleirescos e pastoris, farsas, e alegorias de temas profanos. No entanto, é preciso lembrar que, por vezes, na mesma peça encontramos elementos característicos de vários desses gêneros.


Gil Vicente vai muito além daquilo que, antes dele, se fazia em Portugal. Revela um gênio dramático capaz de encontrar soluções técnicas à medida das necessidades. Nesse sentido, ele pode ser encarado como o verdadeiro criador do teatro nacional.Por outro lado, a dimensão e a riqueza da sua obra constituem um retrato vivo da sociedade portuguesa, nas primeiras décadas do século 16, onde estão presentes todas as classes sociais, com os seus traços específicos, seus vícios e suas preocupações. Também no aspecto lingüístico o valor documental da sua obra é inestimável e constitui uma grande fonte de informação sobre o início do século 16 em Portugal.

Fontes; Imagens e textos: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u481.jhtm

AS OBRAS DE GIL VICENTE



Navegando pela internet conheci várias fontes e indicações de obras de gil vicente.




VAI AÍ GALERA DO FAAAAAAAALA GIL A LISTA DAS SUAS PUBLICAÇÕES:

Auto da Visitação
Auto Pastoril Castelhano
Auto dos Reis Magos
Auto de S. Martinho
Auto da Índia
Auto da Fé
Auto das Fadas
O Velho da Horta
Exortação da Guerra
Auto da Sibila Cassandra
Comédia do Viúvo
Quem tem farelos
Auto dos Quatro Tempos
Auto da Barca do Inferno
Auto da Barca do Purgatório
Auto da Alma
Auto da Barca da Glória
Auto do Deus Padre
Comédia de Rubena
Cortes de Júpiter
Auto da Fama
Pranto de Maria Parda
Farsa de Inês Pereira
Auto Pastoril Português
Auto dos Físicos
Frágua d'Amor
Farsa do Juiz da Beira
Farsa das Ciganas
Dom Duardos
Templo d'Apolo
Breve Sumário da História de Deus
Diálogo dos Judeus sobre a Ressurreição
Nau d'Amores
Comédia sobre a Divisa da Cidade de Coimbra
Farsa dos Almocreves
Auto Pastoril da Serra da Estrela
Auto da Feira
Auto da Festa
Triunfo do Inverno
O Clérigo da Beira
Jubileu d'Amores
Auto da Lusitânia
Auto de Mofina Mendes
Romagem de Agravados
Amadis de Gaula
Auto da Cananeia
Floresta de Enganos
Para aprofundar no assunto